Assim como em vários excertos de Géa, o texto abaixo contém palavras de idioma extraterrestre.
Os vocábulos dessa e de outras línguas alienígenas são paulatina e facilmente aprendidos durante a leitura
de Géa e também estão dicionarizados no Livro Treze. Neste site não os traduzo em cada página,
porém você pode encontrar um pequeno glossário e um texto esclarecedor, que poderia
percorrer antes de para cá voltar e ler esta reduzida mas mirífica amostra
de Géa, nesta página que vem crescendo muito em visitação!

- Meu Géo! Esta missão é demasiada para minhas
géas... A keninha... Como poderei ajudá-la?!

Por detrás do glóbulo geoso, o enk distingue o contorno da roseira
terráquea... Nela, o botão fechado parece tremular, tal qual a
keninha. Sem saber se age por si ou guiado por impalpável géa,
Clausar estende a destra no ar e pega a esfera psídica. Maquinalmente,
fura a terra do vaso com o indicador, planta a bolinha imaterial no
orifício e recobre-a, como se faz às sementes. O bio livrara-se
da géona soládica; sem a única fonte restante de géon, a sala
escureceu de vez. O psido arregala pressagiosos
írios, e nada pronuncia.

- Não serão palavras o instrumento capaz de auxiliá-la. Sua dor
é imensa. Géo de meu coração! Meu Ky é o géon da esférula!
A keninha é a roseira! Pelas raízes penetro; pela seiva propago-me.
Subo ao longo do caule, até as folhas. E sou a Paz! A Paz do Agora!
A presença amiga! A companhia! Outro ser, e fidedigno.
Sou a Confiança!... - ao dizer isso, Clausar pode observar a
luminosidade fluir por dentro da plantinha
tridéltica e alcançar, enfim, o botão!...

E a flor desabrocha!

- Sim! Isso! Você pode mover-se, agora! Há entes confiáveis
no mundo, minha Amiga! Nunca mais estará só. Quamnum majá!...
- e, um por vez; tricorrugadores; masséteres; platismas;
risórios; zigomáticos; depressores do ângulo bucal; todos os
músculos da face horrorizada vão serenando. Para cada pétala
descerrada, um grupo deles repousa e alcança a Paz. Quando
a corola desabotoa... mesmo a região mais convulsiva,
entre o mento e o colo, acalma.

A rosa apoja e radia todo o géon da esférula. A keninha abre
os írios, há muito fechados. Írios verdes de esperança, cintilantes
na treva. A cútis pálida emana tons róseos, quase perdidos... A
bolinha geosa volta a flutuar no espaço, próxima à flor. A rosa
move-se-lhe na direção, como o girarrá em busca da íria. A
esférula afasta-se. A flor estira-se.
A keninha levanta-se e anda!

- Está feito, meu Pai!... - e o enk recolhe na mão o glóbulo
geoso. A keninha caminha no quarto escuro e encontra o
interruptor na parede: aciona-o, e faz-se o
géon. Clausar solta a esférula no ar.

A flor continua aberta, esplêndida, acordada e gédia. Trigéas
felizes, o enk toca o vaso com os dedos e libera do vínculo o
vegetal terráqueo. A sala volta à penumbra... Trigéas serenos
(e sempre firmes) Clausar desliga-se da tela mental. Ainda é
cedo, neste período de trabalho. Há mais a fazer... Comovido
e grato pelo sucesso, o geóctone volta-se de novo ao bio.
O reflexo biótico boquiaberto recompõe-se
e torna à função de espelho místico.