re-Tornado!?! - Leia a nota de 21-06-2005 no fim desta página!

Links para Músicas e Animações CCDB sobre Tornado e outras




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Esta página repete, aprimorando e acrescentando detalhes, a notícia da página principal deste site. Não sei se o aprimoramento tirará a força da notícia quente, espontânea e incorrigida daquela página, mas quero agora registrar melhor o fato. Moro no bairro Mar do Norte, município de Rio das Ostras, bem no meio entre esta cidade e Macaé. Acabo de ter a inenarrável bênção de ver, com os olhos do corpo físico, meu primeiríssimo tornado! Este mesmo ano assistira à ameaça de outro, largo, gigantesco, bem aberto no dilúcido centro, círculo de espadas de Dâmocles pendependendo lá do alto, onde girava feito magna serra-copo com seus dentes negros de nuvens aceiras, amplificado "Maracanã"(1) a rodar de ponta-cabeça sobre mim, prestes a derramar os árbitros, os bandeirinhas, os jogadores, as platéias, as traves, as bolas, as garrafas, os fogos, as fumaças, as luzes e os sons de todos os seus jogos, passando torvo sobre minha casa; mas não se formou até o solo.

No dia seguinte, apareceu mais um, perficiente, próximo à cidade do Rio de Janeiro, e o vi pela televisão.

Há poucos dias, eis o célebre "maior de todos" a fresar(2) o interior do estado em cuja capital nasci! Bem-vindo seja do firmamento a São Paulo, meu conterrâneo! Você fez a um poste de concreto o que eu não mais consigo a um lápis...

Hoje, às quinze horas, estava eu revisando um capítulo do Livro Oitavo da Série Infanto-juvenil, quando ouvi um som extremamente grave, mesmo abaixo dos subgraves do imbatível Subwoofer Labiríntico Central CCDB, aqui atrás com o Gauss de 18", a escandir com absoluta igualdade os baixos de um CD dos velhos tempos, presenteado pelo Afonsinho.

Meus ouvidos treinados não me contaram o que fossem tais freqüências, pois não as alcançavam; porém minha roupa vibrou, e isso eu senti.

Seria longínquo sismo? Um trator passando por perto? Não. Era positivamente um ruído subsônico para mim inaudito. Deixei pra lá e continuei o trabalho.

Poucos minutos depois, os primeiros pingos da chuva caíram e corri abrir as cortinas (sem as quais não enxergo a tela do monitor), para cerrar as janelas e evitar a inundação da sala...

Então... Então! ENTÃO! eu vi!! Vi, para os lados de Macaé, meu primeiríssimo tornado!!! TORNADO!!! TOR-NA-DO!!! Daqueles perfeitos, esbelto mas completo, do céu ao chão, talvez classificável de "número um" na escala dos especialistas.

A janela cuja cortina eu abrira fica a "dez horas" de meu posto no computador, no meio da sala de seis por onze metros, e três de altura, onde continua a resistir o lendário Sistema de Áudio CCDB, construído por mim em 1972 e até hoje viajado comigo por vários endereços, sem uma assistência técnica sequer a partes fixas.

Por essa janela posso ver a cidade de Macaé, na curva do mar, a uns vinte e cinco quilômetros de casa. Derredor de meu posto, a sala tem janelas para todos os lados, há poucos dias substituídas por vidros temperados fumê cinzentos, com excelente visão para a paisagem, livres de ofuscações e dando ótima gama de meios tons para o contraste cinéreo das nuvens.

Deixei em paz as cortinas, as janelas cendradas e saltei à porta, inteira de vidro e sem cortina. De lá vi minha mulher, Dalgiza, teimando em sua esperança de a chuva ir-se e aferrada na pilotagem do cortador elétrico de grama, apesar dos meus avisos usuais de cautela contra eletrocução.

Comecei a gritar; mas cortou-me o grito ao meio a deusa Acústica: através da porta vítrea com dez milímetros de espessura e sob o ruído intenso junto ao cortador, Dalgiza nunca me ouviria.

Quase quebrei as duas chaves na porta, ao torcê-las para abri-la. Afinal consegui, fui à escada (a sala fica no primeiro andar) e lá de cima gritei: - Giza!!!

Nada... Ela não ouviu.

Berrei então: - GIZA!!!!

Nada ainda.

Hauri o ar como um tornado e, pra Estentor nenhum botar defeito, bradei: - GIZA!!!!!!! TORNÁÁÁDO!!!!!!!

Ah! Com cortador de grama e tudo, agora Dalgiza ouviu! E deve ter ouvido outrossim os meus bramidos um vizinho até então invisível para mim, por achar-se na calçada do outro lado da rua, abaixo do nível de minha casa e oculto pela nossa sebe de hibisco - sei, porque logo em seguida o veria.

Giza largou o cortador e correu para a escada onde eu me achava. Mesmo ao atingir o patamar à meia altura, ao ver-me apontando para o lado de Macaé, voltou-se e viu! Viu! VIU TAMBÉM o TORNADO!!!

Cinza-escuro no topo, da mesma cor do teto de nuvens que avançava rápido do mar prateado à terra, ele clareava quase ao branco mais abaixo em seu afilado cone, destacando-se perfeitamente contra o fundo cinza-claro.

Nascera ou não qual tromba sobre o oceano; sem nenhuma dúvida alcançava o solo, pois não podíamos precisar se passava além, por dentro ou aquém de Macaé, já que a cidade se ocultava numa névoa de chuva fulvescente.

- Cadê o Rá?!? Ele tá em Macaé?!? - exclamei para Giza.

- Tá em Rio das Ostras! Foi dar aula a uma senhora que o chamou pelo telefone.

- Ah! Graças a Deus! (não estava em Macaé).

Giza terminou de subir a escada, sorriu alegre para mim, eternizou na memória o tornado e correu de volta à relva para enrolar os muitos metros de fio elétrico do cortador, guardando-o depois num quartinho, edícula recém-construída atrás de casa. Enquanto isso...

Contemplei o tornado por intérminos três minutos!!! E agora? Construo um abrigo? Não tenho dinheiro: foi-se todinho e mais um pouco, na troca das janelas e portas de ferro, que empós dez anos de heróica resistência à maresia vinham caindo aos pedaços, enferrujadas, sobre a gente lá embaixo.

Agora é rezar pra terminar a Série Infanto-juvenil antes de passar algum tornado mais perto e me levar corajosamente para onde escritor algum jamais esteve... e vivo! até chegar e continuar vivo no Além, para ver melhor, lá de cima, todos os tornados, e galáxias, e centripófagos, e turbogravos, e vórtices do Universo.

- Ninguém mais viu esse tornado? - evidentemente alguém perguntaria.

- Sim. Por felicidade, um vizinho com o qual não me dou (e por isso mesmo insuspeito, se não resolver contradizer-me para me desacreditar...) o viu.


Subi à área de cobertura de casa, que fica no alto de um morro e tem trezentos e sessenta graus de vasto panorama. Pude enxergar melhor ainda o tornado. E dali eu podia ver o vizinho lá embaixo, do outro lado da rua, na varanda de sua residência.

O vizinho olhava e apontava a outrem o tornado no rumo de Macaé.

Portanto, somos no mínimo três (se o tal "outrem" nada tiver visto) por aqui a observarmos o fenômeno.

Lembrei-me do binóculo de meu filho Rafael. Desci da cobertura à sala e apanhei esse instrumento óptico. Quanto voltei à cobertura, o tornado já se fora e a chuva aumentava. Giza lá embaixo, encharcada, guardava enfim o cortador no quartinho.

Desci novamente e corri cá pra sala, dar a notícia pelo computador. Se eu possuísse uma câmara digital qualquer, ou outro meio adequado, tivera tempo para documentar com imagem o tornado.

Já troveja forte e, mesmo assim (como não é meu costume, para proteger o equipamento), estou firme conectado à Internet lenta e pagando os pulsos, para informar isto a Você.

 

____________Acredite: é tudo verdade.__________


- CCDB 01-06-2005

(1) Dez anos depois de eu publicar esta página; em 2014, Brian Singer dirigiu o filme "X-Men: Days of Future Past", onde a minha visualização do estádio girando sobre a cabeça se concretiza, na medida do possível aos recursos do cinema de hoje.

Mais "coincidências" significativas entre a minha obra e a de terceiros, você numa das páginas mais visitadas e ricas deste site: Nem Plágio Nem Coincidência.

- CCDB 07-01-2015



(2)Saiba de uma "coincidência" interessante no subtítulo "Desempeno versus Fresa", da página mais visitada deste site, clicando AQUI!

- CCDB 08-02-2008


Nota de 02-06-2005: não assisti a todos os jornais da televisão ontem à noite, depois do tornado; porém, naqueles aos quais assisti, não vi a notícia desse fenômeno. Portanto, talvez esta página seja o único registro, até agora.

Nota de 21-06-2005: quem assistiu ao jornal matutino da Rede Globo, Bom dia Brasil, terá visto dois* helicópteros embaraçados nas próprias hélices e rolados pelo chão do aeroporto de Macaé, donde foram arrancados durante a noite, segundo esse jornal, per (sic) "rajadas" de vento (...). É curioso notar que, aqui em casa, a apenas vinte e cinco quilômetros, rajada nenhuma se fez sentir - somente chuva e com muitos raios. Seriam essas "rajadas" um irmãozinho menor do "meu" tornado? ou foi ele mesmo quem resolveu voltar, já que ninguém senão eu o mencionou? E, já que não foi mencionado ainda desta vez, quando e "como" voltará para se estadear enfim?

* No jornal local do canal 21, TV Record, ao meio-dia de 21-06-2005, a informação é de SEIS helicópteros arrasados no aeroporto, bem como de várias outras destruições importantes em Macaé.

Não apelarei àquele famoso "Eu não disse?"... Prefiro lembrar Você que há vários links, no Sumário da página principal deste site, os quais levam a páginas onde trato da questão climática deste planeta azul-mexido.

- CCDB


 


 


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