- Não tem, ó Espica: ninguém sabe como e de onde apareceu.
E veja aí, camarada: já alcançou as corredoras do
bloco feminino da liderança!

- Isso mesmo, Asas. Olhem todos, meus queridos das cadeiras de
balanço! O Cento-e-Quarenta-e-Quatro vai fazendo bonito,
e está a cinqüenta metros da Trinta-e-Três!

- É o incentivo do público. O emocional vale agora, pois o
racional já foi para a Cucuia. E com emoção não se ganha maratona,
Espica querido. Neste frio da manhã de domingo vai acabar o ar
dos dois, e sentam na guia em mais cinco minutos
de prova, ou meu nome não é Bulk!

- E não é mesmo! meu chapa... Isso é apelido! ora... Sua ciência
hoje não está com nada! caro professor... Ansata acaba de
superar a projeção para o tempo masculino do coelho, de duas
horas, quatorze minutos e cinqüenta segundos, já uma boa
marca pra os homens nessa prova! A bailarina é demais! meus
amigos de casa... A corredora paulistana dos palcos do mundo
inteiro é a líder; daí vem uma etíope e depois outra brasileira!
Os dez homens sumiram da escolta e ficaram para trás; só
o Cento-e-Quarenta-e-Quatro continua
se aproximando de Ansata!

- Ó da terra!

- Fala, meu querido Asas; fala...

- Há apenas dois homens adiante de Ansata! Isso é coisa nunca
vista nas Maratonas Intercontinentais Paulistanas!
Ó Espica. Vai dar zebra!

- Zebra, não: um casal de zebras, Asas.

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