A Fatal aderna, letiferamente ferida antes mesmo de ser vibrado
o golpe, pois mais nefasto é o Medo; e nos cabos condutores de
comandos não fluem agora simplesmente os programas e os
pulsos: entremeiam-se o Pavor, o Erro e o Desespero!

O espaço deforma-se ao trânsito velocíssimo do objeto não
identificado; e, mesmo tão próximo, seu mais tremendo
parâmetro é justamente esse: a incógnita!

Desde a arrogante proa fusiforme até a campanulácea popa da Fatal,
uma garra escondida no escuro arranha profunda chaga; abre-se
o metal pêntio feito frágil lata tridéltica; e a cosmonave aracnopólipa
é desventrada, estripada, quando o objeto a renteia.

O Invisível apunhala o Visível; e, se pelo primeiro passam
os raios de luz, pelo segundo trespassa a massa do aço
indevassável; e não amassa: corta!

Por prévio programa embutido nos circuitos (pois não há mais
tentáculos aptos a premirem botões), a Fatal lança o derradeiro
ataque; e este vem da cauda como o dos escorpiões: a esfera na
ponta do giganteu eletrodo escandesce; e, da bola brilhante, a
descarga Flúon desce; abate-se, qual todos os raios de todas as
nuvens de todas as tempestades de todos os planetas,
sobre o inviso alvo passante.

Saída da torva pérgola cujas colunas são interrogações; e as
flores, os ais do horror; por um microestato a forma do objeto
desenha-se no recôndito céu, envolta na malha de faíscas; mas
não há mais ocelos, estemas, olhos e órgãos sensórios para
captarem-lhe o contorno rendado; e como o encouraçado besouro
tridéltico arromba a delicada teia, esmeradamente feita pela
pequena aranha-de-jardim para capturar lépidas moscas, o
incógnito atravessa e prossegue, conhecedor, só ele, da
própria natureza, qual os pálidos defuntos
conhecem o insondável Além!

............